terça-feira, 3 de novembro de 2009


A TULIPA VERMELHA

(De um motivo do livro chinês “Flauta de Jade”)


A tarde era de inverno. Indiferentemente.

Tu deixaste cair na fria e longa estrada

A tulipa vermelha – a flor viva encarnada

Que eu te dera, provando o meu amor ardente.

Aquele gesto teu feriu-me, ó minha amada!

E desde então jamais se apagou de minha mente.

Quedei-me em contemplar a tulipa rubente,

Muito triste por vê-la ao solo abandonada.

Profunda e acerba dor senti dentro do meu peito

Quando via orlar, como um sonho desfeito,

Naquela estrada fria, a rubicunda flor...

Então, numa revolta irreprimível, franca,

Apanhei-a ao chão... Tinha ficado branca!

E nevara também por sobre o nosso amor...

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