O PEDIDO DE MEU PAI
(“Alberto, deixa de fazer tanto verso!”)
Gente da Gente, pág.468
Sob o austero do domínio paterno
Vivi sempre a mostrar que seria bom filho:
O exemplo de meu pai é o caminho que trilho
E a cujo honrado nome me prosterno.
Conferindo-me a Musa o dom rico e superno
Dei largas ao poetar, sem pretensão nem brilho.
Com o modesto instrumento orfeico, que dedilho,
Tenho muito de antigo e um tanto de moderno.
E assim, bom filho e poeta, ai destino jungido,
(Quer venha este, quer se mostre adverso)
Prossigo em versejar, discreto e comedido...
Só nisto – usando embora estilo ingênuo e terso –
Desatendo a meu pai, com faltar-lhe ao pedido,
Pois jamais consegui “deixar de fazer verso”!
Nenhum comentário:
Postar um comentário