quarta-feira, 4 de novembro de 2009


O PEDIDO DE MEU PAI

(“Alberto, deixa de fazer tanto verso!”)

Gente da Gente, pág.468

Sob o austero do domínio paterno

Vivi sempre a mostrar que seria bom filho:

O exemplo de meu pai é o caminho que trilho

E a cujo honrado nome me prosterno.


Conferindo-me a Musa o dom rico e superno

Dei largas ao poetar, sem pretensão nem brilho.

Com o modesto instrumento orfeico, que dedilho,

Tenho muito de antigo e um tanto de moderno.


E assim, bom filho e poeta, ai destino jungido,

(Quer venha este, quer se mostre adverso)

Prossigo em versejar, discreto e comedido...


Só nisto – usando embora estilo ingênuo e terso –

Desatendo a meu pai, com faltar-lhe ao pedido,

Pois jamais consegui “deixar de fazer verso”!

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